O Drama das Mães de Crianças com Autismo em Monte Carmelo Após o Veto ao Projeto de Lei 1o4o51
Falta de Medicamentos, Falta de Apoio e a Revolta das Famílias após o Veto ao Projeto de Centros Especializados para Autistas. 3u6m11
Em Monte Carmelo, a luta das mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) atingiu um ponto crítico após o veto do prefeito Ricardo Ferreira ao Projeto de Lei nº 4495/2025, que visava à criação de centros especializados para o atendimento das mais de 300 crianças autistas da cidade. A aprovação do projeto parecia ser uma luz no fim do túnel para essas famílias, mas, após o veto do prefeito e a manutenção da decisão pela Câmara Municipal, as promessas de apoio se transformaram em uma amarga decepção. Com isso, a denúncia de várias mães, recebida pela redação do Jornal Sentinela Carmelitano, traz à tona o drama que essas famílias enfrentam, marcadas pela escassez de medicamentos essenciais, a falta de tratamentos especializados e o abandono por parte das autoridades locais.
A Denúncia de Uma Mãe: O Desespero por Medicamentos e Apoio Especializado.
Em um áudio que chegou até nossa redação, uma mãe fez um desabafo angustiante sobre as dificuldades enfrentadas para obter medicamentos essenciais para o tratamento de sua filha autista. “Tentei várias vezes pegar a Ritalina, mas nunca tem. Já são dois anos de escassez. O que posso fazer? Nada! Esse medicamento é fundamental para minha filha, e a falta dele está comprometendo seu tratamento”, relatou a mãe, em tom de desespero.
Essa falta de medicamentos não é um caso isolado, mas sim uma realidade vivida por muitas outras mães na cidade. A falta de medicamentos como a Ritalina, crucial no tratamento de crianças com TEA, é uma constante nas farmácias públicas, o que gera um quadro de total abandono e insegurança para as famílias.
Áudio autorizado pela denunciante.
Além disso, as mães denunciam a ausência de tratamento especializado para as crianças, especialmente o projeto ABA, uma abordagem amplamente reconhecida como uma das mais eficazes para o desenvolvimento de crianças com autismo. “A minha filha precisa do projeto ABA, mas o que a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) oferece são atendimentos de fonoaudióloga, que não resolvem o problema dela. A necessidade dela é muito mais complexa e requer um tratamento específico”, explicou a mãe em seu desabafo.
A Fuga de Promessas e o Veto ao Projeto de Lei.
O Projeto de Lei nº 4495/2025 foi aprovado inicialmente pelos vereadores e apoiado por diversas famílias. No entanto, o prefeito Ricardo Ferreira vetou a proposta, alegando questões de inconstitucionalidade, e a decisão foi mantida pela Câmara Municipal com um parecer do procurador da Câmara, Dr. Luciano Limirio de Carvalho, apontando que o projeto seria inconstitucional. Vale ressaltar que a empresa de advocacia contratada pela Prefeitura de Monte Carmelo, Ladir e Franco Advogados, foi responsável por defender a tese do prefeito Ricardo Ferreira no veto ao projeto do Estatuto do Autista na Câmara Municipal. Essa defesa se baseou nos mesmos argumentos apresentados pelo procurador da Câmara Municipal, Dr. Luciano Limirio de Carvalho, que é funcionário da UNIFUCAMP e, além disso, o reitor da instituição, também ocupa cargo no governo municipal como Secretário de Planejamento e Comunicação Social.
Dr. Luciano foi o responsável pela elaboração dos pareceres que sustentaram o veto, levantando sérias dúvidas sobre a transparência e a imparcialidade do processo, visto que a defesa do prefeito se baseou nas teses do procurador, criando um contexto de suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse e favorecimentos políticos.
Adicionalmente, a empresa de advocacia Ladir e Franco Advogados também defende o ex-prefeito e atual secretário, Paulo Rodrigues Rocha, em processos relacionados a desvios de recursos da COVID-19, fraudes em licitações e improbidade istrativa, conforme pauta levantada no dia 21/03/2025. A empresa recebe mais de R$ 75 mil da Prefeitura de Monte Carmelo, enquanto a procuradora municipal, Yolanda Sunhara, apenas assinou o parecer elaborado pela agência de advocacia, confirmado em tribuna pelo advogado Guilherme Dias Machado, OAB MG 95.374. Esse cenário reforça ainda mais as suspeitas de favorecimento e falta de imparcialidade no processo.
Na segunda votação, o projeto foi reprovado em uma votação em que 5 vereadores votaram a favor do veto e 4 contra. Os 5 vereadores a favor do veto são: Amir Campos (Batata), Sidicley Souza Peres, Carpegiane Correia de Souza (PG da Patrola), Simone Teles e João Nunes, líder de governo. O voto decisivo foi do presidente da Câmara Municipal de Monte Carmelo-MG, que é protetor dos animais, Sidicley Souza Peres.
O mais chocante foi a postura da vereadora Simone Teles e do vereador Carpegiane Correia De Souza (PG da Patrola). Simone Teles, sendo mãe de uma criança atípica, inicialmente defendeu a causa, mas, no momento decisivo, mudou de posição, alinhando-se ao prefeito e ao veto. Essa mudança de postura gerou uma grande revolta nas mães de crianças atípicas, que sentem que foram traídas por aqueles que haviam prometido lutar por elas.
“Como mãe, não posso acreditar que a vereadora tenha virado as costas para nós. Ela sabia a importância desse projeto, mas preferiu atender a interesses partidários em vez de priorizar o bem-estar de nossas crianças”, disse uma mãe, visivelmente emocionada e revoltada com a decisão em plenário.
As famílias sentiram o impacto imediato dessa decisão, pois, sem a criação dos centros especializados, elas se veem cada vez mais dependentes de uma rede de saúde pública que não oferece e adequado para o tratamento de suas crianças. A promessa de melhoria, que parecia próxima, se transformou em uma amarga decepção.
Onde Estão as Autoridades? O Silêncio das Instituições Responsáveis
A pergunta que ecoa nas redes sociais e entre as mães é: onde estão as autoridades responsáveis pela saúde e educação pública? Se as mães estão conseguindo fazer suas denúncias chegarem até a redação do Jornal Sentinela, por que essas informações ainda não chegaram até os órgãos responsáveis, como o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Secretaria de Saúde Municipal e Estadual?
Essas autoridades, que deveriam estar promovendo o bem-estar das crianças autistas, continuam em silêncio, deixando as famílias sem alternativas e sem respostas. Além disso, as mães questionam a falta de ação das comissões de saúde da cidade, que deveriam estar criando e promovendo políticas públicas para garantir a saúde e os direitos das crianças com autismo em Monte Carmelo. “Estamos sendo ignoradas. O que mais precisamos fazer para que alguém realmente olhe por nós e pelas nossas crianças?”, desabafa uma das mães no mesmo dia no plenário, que se vê sem esperança diante do descaso.
A Revolta nas Redes Sociais: O Clamor por Justiça
Após a manutenção do veto, as redes sociais foram tomadas por mães e pais que se uniram para expressar sua indignação. Muitas compartilharam suas histórias e denunciaram a falta de comprometimento dos políticos da cidade, que, segundo elas, usaram a causa para garantir votos e apoio político, mas, no fim, não cumpriram suas promessas.
A deputada estadual Maria Clara Marra, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, também se manifestou sobre o veto, desmentindo a alegação de inconstitucionalidade feita pelo prefeito e vereadores e destacando o descaso com as famílias autistas de Monte Carmelo. “É um absurdo que políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência sejam tratadas com tamanho desdém. As crianças autistas de Monte Carmelo merecem uma educação e saúde dignas, e é obrigação dos políticos garantirem isso”, afirmou Maria Clara Marra.
Fico Pensando...
O silêncio que grita: As maes invisíveis de Monte Carmelo, há um tipo de dor que não se mede. Uma dor que não mora no silêncio de uma sala de espera, onde mães seguram fichas, lágrimas e a esperança esfarelada entre os dedos. Em Monte Carmelo, essa dor te nome: Transtorno do Espectro Autista. E tem número: mais de 300 crianças, dados levantados pela vereadora Simone Teles, em vídeo em plenário. O que ela não tem ainda é amparo digno do nome. O que dizer de uma cidade onde mães mendigam medicamento para que seus filhos possam dormir, aprender, viver? Onde uma mãe liga para o posto pela quinta vez no mês, ouvindo sempre a mesma resposta seca: “acabou a Ritalina”? Onde o “não tem” virou política pública, e o abandono institucional, rotina?
O veto ao Projeto de Lei nº 4495/2025 foi um golpe no peito dessas mães. A canetada fria do prefeito Ricardo Ferreira não negou apenas um projeto, negou cuidado, futuro e dignidade. E, quando a Câmara Municipal teve a chance de reparar essa injustiça, os 5 vereadores votaram a favor do veto: Amir Campos (Batata), Sidicley Souza Peres, Carpegiane Correia de Souza (PG da Patrola) e João Nunes, escolheram virar o rosto.
A justificativa? Inconstitucionalidade. Palavra pesada, cheia de letras e vazia de compaixão. Uma desculpa legalista servida com tempero político e engolida com gosto por quem deveria defender o povo. Estranho como tudo parece encaixar: pareceres de um procurador da câmara municipal que ocupa cargo de confiança em faculdade onde reitor e secretário, um escritório que defende político réu de corrupção e contratos gordos com a prefeitura. Coincidência? Talvez. Descaso? Com certeza.
Mas há traições que doem mais que a frieza do poder. Como a da vereadora Simone Teles, mãe de criança atípica, que em suas redes sociais no seu plano de 100 dias de vereança fez promessas e desceu do plenário em silêncio, como a do vereador Carpegiane Correia de Souza (PG da Patrola). Como entender que quem conhece a dor tenha escolhido ignorá-la?
Monte Carmelo é uma cidade do interior de Minas Gerais, dessas que se vendem nas campanhas eleitorais como “terra de todos”, como lugar onde ninguém seria deixado para trás. Durante a campanha, prometeram uma Monte Carmelo para frente. Mas, depois das urnas fechadas, o que se viu foi uma Monte Carmelo com "você" e o resto que lute. A cidade virou um palanque vazio, onde a esperança se perdeu entre discursos bonitos e políticas covardes.
As mães não têm assessoria jurídica. Têm vozes roucas de tanto gritar. Não têm gabinete, mas têm redes sociais onde derramam relatos e revolta. Seus filhos precisam de ABA, psicólogos, terapeutas ocupacionais, mas recebem apenas um encaminhamento para uma fonoaudióloga sobrecarregada e mal remunerada. São empurrados para dentro de escolas despreparadas, de uma saúde colapsada, de um mundo que finge não vê-los.
Em meio ao desespero, surge a pergunta que ninguém quer responder: onde estão as autoridades? Onde estão o Ministério Público, o conselho de Saúde municipal e estadual, os defensores dos direitos da criança? A cidade ouve o clamor de suas mães, mas os que podem fazer algo continuam surdos.
Não é falta de dinheiro. É falta de vontade. Enquanto o município paga R$ 75 mil a um escritório de advocacia, mães saem da farmácia pública de mãos vazias. E de alma partida.
Essa crônica não é só indignação. É um apelo. É um grito escrito. Porque essas mães não pedem luxo. Pedem o básico. Pedem remédio. Pedem tratamento. Pedem o direito de sonhar com um futuro melhor para seus filhos.
E o que recebem? Um veto.
O Jornal Sentinela Carmelitano informa que, até o fechamento desta edição, não obteve resposta por parte da istração municipal nem dos envolvidos, conforme as ligações realizadas. Reafirmamos nosso compromisso com a transparência, ética e o interesse público, mantendo o espaço aberto para manifestações das partes envolvidas e de seus representantes.
Nossa equipe de reportagem permanece à disposição para ouvir, publicar e dar voz a quaisquer esclarecimentos que se façam necessários. A população, principal interessada neste processo, tem o direito de ser informada com clareza e objetividade. O Sentinela continuará cumprindo seu papel como canal de comunicação, comprometido com a verdade e com a democracia.
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